segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Afromemoria - A nossa mira

Em 15 de novembro de 1915, surgia a revista literária Folha Rosea, em Florianópolis, de propriedade de Ildefonso Juvenal e João Melchiades. Espaço destinado aos poetas considerados "novos", era uma resposta aos poetas parnasianos da época. Sua duração, no entanto, foi efêmera e em menos de seis meses as portas da redação já estavam fechadas. Acham-se na biblioteca municipal de Florianópolis os três primeiros números da revista. Sua importância histórica deve-se ao fato de ter sido um instrumento de reivindicação e contestação aos literários que se julgavam "donos" das letras catarinenses. Segue abaixo, a forte crítica de Ildefonso Juvenal aos que viam com menosprezo o surgimento da Folha Rosea.


A nossa mira

Surge hoje entre risos e festas, a modesta revista “Folha Rosea”.
O que pretendemos fazer? Perguntarão todos, cheios de curiosidade. O que pretendemos fazer: é unicamente pugnar pelos interesses dos “Novos”; facilitando-lhes meios de desenvolver as suas idéias.
Sim, porque até então, eles têm sido uns mártires. Ora o grupo dos “beletristas” a tirar-lhes o mérito; ora parte da imprensa a ridicularizar as suas produções.
Enquanto a mocidade paranaense associa-se, para unidos desenvolverem a literatura no seu Estado, a nossa mocidade desunida, uma parte deixa-se ficar imóvel; outra vive quer nos cafés, quer nos jardins, nos bondes, a ridicularizar as produções dos principiantes.
O saber é privilégio de meia dúzia de rapazes que nasceram sábios, tornaram-se imortais, e hão de voar amanhã em aeroplanos às regiões Parnasianas....
Mas os “Novos” erguem-se hoje, e a Folha Rosea há de demonstrar que os pequenos podem ainda sem grandes.