quinta-feira, 31 de julho de 2008

Caso vivesse Cruz e Sousa

Olá!
O assunto cotas continua em alta. Agora é a vez da UDESC (Universidade Estadual de Santa Catarina), realizar o seu sistema de ação afirmativa. No entanto, algumas pessoas ainda desconhecem o funcionamento deste tipo de política pública e acabam ficando contra estas ações. O texto abaixo visa indagar o leitor acerca de seu conhecimento sobre a (afro) história catarinense. Muitos admiram o poeta Cruz e Sousa, mas caso ele estivesse vivo e defendesse o sistema de cotas, seria ele tão elogiado? O texto também pode ser lido no site: www.agecom.ufsc.br/downloads/Jornal_Universitario_UFSC_n388_032008.pdf e no link do jornal An Notícias: www.an.com.br/2008/fev/04/0opi.jsp. Boa leitura!




Em meio aos debates pró e contra o sistema de cotas e a aplicação da história da África na UFSC, aliados ao projeto de mudança do hino de Santa Catarina, lembramos de alguns fatos históricos protagonizados pelos intelectuais negros em Santa Catarina.
No caso do poeta Cruz e Sousa, seu mérito intelectual pouco foi reconhecido neste Estado. O poeta de "Missais" lutou contra a escravidão e o preconceito racial, atraindo em vida a inveja e as intrigas de seus opositores; Ildefonso Juvenal, por sua vez, ao lutar contra o racismo de sua época, ajudou a construir cursos de alfabetização, associações negras, jornais literários e até um centro de letras, devido ao impedimento de se ter negros na Academia Catarinense de Letras; no ano de 1918, no município de Lages,
era criado o Centro Cívico e Recreativo Cruz e Sousa; em 1920, em Itajaí, fundou-se o Clube de Regatas Cruz e Sousa; em 1915, em Florianópolis, criou-se a Associação dos Homens de Cor. Em todas estas ações buscou-se um único objetivo: lutar contra as
diversas formas do racismo brasileiro. Lá se vão mais de 90 anos de luta!
Ao se polemizar o sistema de cotas para negros nas universidades, devia-se polemizar também a morte de cada jovem negro pela falta de oportunidades, pelos grupos de extermínio, pela fome ou pelo único fato de terem a cor da pele negra. Vamos polemizar a falta de expectativa social. Se o sistema de cotas incomoda, agride-nos muito mais saber que 46% da população brasileira, por serem negros, não participam dos postos de comando deste País. Não nascemos para ser caso de polícia nem tampouco assistir a tudo de panelas à mão.
Perguntar não ofende: os leitores e admiradores de Cruz e Sousa iriam apoiá-lo caso defendesse os interesses da população negra nos dias de hoje?

Fábio Garcia
Historiador, educador e militante do Movimento Negro

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Antonieta de Barros

Retirado de www.acordacultura.org.br